Psicólogo Gledson Martins de Jesus
| CRP 06/207311
Graduado em Psicologia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
Atuo como psicólogo clínico online, integrando práticas da Esquizoanálise e da Psicanálise. Nessa abordagem busca-se compreender os fluxos de forças que moldam a subjetividade, auxiliando as pessoas a explorar novos caminhos e possibilidades de vida tanto histórica (psicanálise) quanto geograficamente (esquizoanálise).
O que faço como esquizoanalista?
Quando alguém me pergunta o que faço como clínico, prefiro dizer que não sou um "intérprete de mentes", mas alguém que observa fluxos de forças. Minha prática não busca “curar” no sentido tradicional, como se as pessoas fossem máquinas quebradas que precisam de conserto. Em vez disso, sigo um caminho esquizoanalista: mapeando, compreendendo e, sobretudo, liberando os fluxos de forças vitais e sociais que compõem nossas vidas.
Não nos limitamos à visão convencional que reduz a psicologia à organização rígida de estruturas familiares, cognitivas ou à individualização excessiva do sofrimento. Nossa abordagem enxerga a força produtiva e criativa presente em tudo o que fazemos, mas que muitas vezes é capturada e codificada por sistemas políticos, ideológicos, morais e econômicos que nos aprisionam em automatismos, repetições e angústias.
Por exemplo, pense na relação de alguém com o trabalho. Não interpretamos isso apenas como um problema de estresse individual ou más escolhas. Vemos como um campo onde máquinas diversas — econômicas, sociais e afetivas — se interligam, criando tensões, desejos e, por vezes, bloqueios (angústias, ansiedades, depressões, neuroses, psicoses, entre outras formas de sofrimento). O trabalho, nesse sentido, não é algo externo à pessoa, mas participa diretamente de sua produção subjetiva.
Desejo como fluxo incessante
Para a esquizoanálise, o desejo não é um simples "querer algo". Ele é um fluxo incessante de forças que pode ser interrompido, desviado ou aprisionado por normas e sistemas. Essa captura não apenas limita, mas também molda nossa subjetividade.
Por isso, nossa prática não se fixa em diagnósticos ou categorias que "encaixam" experiências em moldes pré-definidos. Ao contrário, procuramos mapear territórios existenciais. Quando um paciente se queixa de ansiedade constante, por exemplo, não vemos essa ansiedade como algo "dele", mas como um efeito produzido pelas exigências de uma máquina maior: a vida moderna, a cultura de produtividade e as normas de conduta.
Abrindo possibilidades
O objetivo do trabalho esquizoanalista não é desmontar uma suposta doença, mas abrir novas possibilidades. Perguntamos: o que pode ser feito com essa ansiedade? Como podemos reinserir essa força bloqueada em novos circuitos, mais criativos e menos opressivos?
Isso implica uma postura ética radical. Não trabalhamos com um modelo pré-definido de como viver, mas ajudamos a pessoa a encontrar suas próprias linhas de fuga — caminhos que escapem das forças que a sufocam. Ao mesmo tempo, reconhecemos que não há uma saída total. Vivemos em sistemas que nos atravessam e condicionam, mas sempre existem brechas, potências latentes esperando para emergir.
Quando olhamos para uma pessoa, não vemos alguém definido por diagnósticos ou histórias passadas. Enxergamos um campo aberto, múltiplo, cheio de forças em movimento. Nossa prática é menos sobre “responder” e mais sobre “perguntar”:
Como esquizoanalista, caminho ao lado, não à frente nem atrás. Meu papel é ajudar a pessoa a navegar pelos territórios complexos de sua força e subjetividade, sempre com abertura para a multiplicidade e o caos — entendidos como potências criativas, e não como patologias.